quarta-feira, 3 de outubro de 2007

"Requalificação Urbana" , Opinião do Dr. António Cipriano


Tomei a liberdade de divulgar neste espaço de opinião, este artigo do Dr. António Cipriano sobre a "Requalificção Urbana".
Este tema tem sido para mim enquanto politico um tema de agenda politica e de programa eleitoral, por ser extremamente importante para as pessoas e respectivas comunidades, mas que infelizmente é pouco respeitado pela maioria dos municipios portugueses.
Recomendo a sua leitura atenta.
Carlos Pinto Machado


Requalificação Urbana


Nas últimas décadas o paradigma da nossa sociedade ao nível do modelo urbano, passou invariavelmente para construção de novos edifícios. Esta era uma exigência decorrente do acréscimo afluxo de populações do interior rural, para o mundo das cidades, conjugado com uma melhoria das condições económicas das famílias, indutor de uma procura por habitações com melhores condições de habitabilidade. Este fenómeno de democratização, associado ao desenvolvimento económico do país foi positivo, permitindo uma igualdade real ao nível das condições de vida dos cidadãos. Contudo, este crescimento das cidades não foi devidamente acompanhado por mecanismos de planeamento urbano. Os resultados foram subúrbios desordenados, feios, sem espaços verdes ou acessibilidades, com poucos ou nenhuns serviços sociais. Ao invés, os centros das grandes urbes foram sistematicamente se desertificando, sendo hoje apenas habitados por norma, por populações idosas de baixos recursos. Gradualmente um sem número de edifícios, muitos com valor histórico e arquitectónico, foram se deteriorando, contribuindo para centros urbanos envelhecidos, abandonados e degradados.Compete aos poderes públicos contribuírem para a modificação deste cenário. O paradigma deixou de ser a construção e aprovação de novos empreendimentos urbanísticos, para passar para a requalificação urbana. Num primeiro plano, os poderes públicos devem constituir equipas pluridisciplinares que “pensem a cidade” enquanto espaço de história, sentimentos e vivência humana, delineando uma estratégia de requalificação urbana assente em três eixos: requalificação dos espaços públicos (praças, monumentos), requalificação dos edifícios municipais; requalificação dos edifícios privados por via da concretização de incentivos financeiros e fiscais. Obviamente que tal estratégia implica elevados recursos financeiros, devendo a sociedade civil sensibilizar as autoridades centrais para a necessidade da promoção de politicas centrais de requalificação urbana. Os municípios, enquanto agentes políticos que melhorem compreendem os sentimentos e necessidades das nossas cidades devem sensibilizar, negociar, pressionar os governos para nova prioridade. Afinal, a valorização e requalificação das nossas cidades é economicamente um instrumento indutor do crescimento do valor acrescentado da nossa oferta turística, sendo indirectamente fonte de impostos para os poderes locais e centrais.
A competitividade das cidades quer ao nível da atracção de novos habitantes, quer ao nível da captação de turistas, implica uma estratégia sistémica de valorização de todo o quadro urbanístico e de cidade, de modo a potenciar uma proposta de valor assente na qualidade de vida e no desenvolvimento sustentado.
António Cipriano

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