quinta-feira, 30 de novembro de 2006

ESCÂNDALO DO CASO CAMARATE


O líder do CDS-PP exigiu hoje esclarecimentos ao Governo e Ministério Público sobre os desenvolvimentos do caso Camarate, depois de José Esteves ter afirmado ser o autor do engenho que alegadamente matou Sá Carneiro e Amaro da Costa.

"As recentes declarações de José Esteves, um dos presumíveis implicados no atentado de Camarate em 4 de Dezembro de 1980, representam um verdadeiro escândalo", afirmou Ribeiro e Castro, em comunicado.

Para o líder do CDS-PP, a gravidade destas declarações, publicadas quarta-feira na revista "Focus", é maior "pela circunstância de reportarem a um crime grave que nunca pôde ser levado a julgamento, por responsabilidades imputáveis ao sistema judiciário e, em particular, ao Ministério Público".

"Tais declarações e a aparente ligeireza em que são proferidas e entendidas só poderiam gerar indiferença num quadro de completo apagamento público de regras, valores e princípios basilares da vida em sociedade e de funcionamento do Estado de Direito", referiu.

Salientando o seu respeito pelo Ministério Público (MP), o líder do CDS considerou que esta instituição "não está isenta de crítica" neste processo.

"O CDS aguarda que o Ministério Público declare a sua posição sobre os últimos desenvolvimentos do caso, bem como sobre erros na anterior apreciação e avaliação da matéria de facto, em contraste com a impressividade geral dos inquéritos parlamentares", sublinhou Ribeiro e Castro, salientando que os factos novos são não apenas as declarações de José Esteves mas "toda a matéria probatória" resultante das comissões parlamentares de inquérito.
O líder dos democratas-cristãos exigiu também que o Governo, através do Ministério da Justiça, se pronuncie sobre o caso.


"Por respeito pelo país e pelo Estado de Direito e em honra e memória do seu fundador Amaro da Costa e das demais vítimas mortas em Camarate, o CDS tudo continuará a fazer e a lutar, dentro dos instrumentos ao seu alcance, para que seja feita plena luz sobre o atentado de Camarate, clarificando-se toda a verdade e fazendo-se justiça", assegurou Ribeiro e Castro.
Na quarta-feira, o líder parlamentar do CDS-PP, Nuno Melo, já tinha salientado que só o poder judicial poderá avaliar a confissão do ex-segurança José Esteves, considerando que "no que toca ao poder político, o que havia a fazer está feito".

Já o PSD apelou para que a Procuradoria-Geral da República esclareça publicamente se irá reabrir o processo relativo a Camarate, voltando a defender que o caso seja levado a julgamento.
A edição de quarta-feira da revista Focus, que entrevistou José Esteves, refere que o antigo segurança do CDS assume agora que foi o autor de uma bomba incendiária que terá provocado a queda do avião que matou Sá Carneiro e Amaro da Costa em 1980.

José Esteves afirma, contudo, que o seu plano era apenas pregar "um susto" ao general Soares Carneiro, candidato presidencial pela Aliança Democrática (AD).

José Esteve diz também que o engenho incendiário que preparou foi alterado para provocar a morte dos passageiros do Cessna.

A queda da aeronave Cessna, no bairro de Camarate, a 04 de Dezembro de 1980, provocou a morte do então primeiro-ministro Francisco Sá Carneiro, da sua mulher Snu Abecassis, do ministro da Defesa Adelino Amaro da Costa e de sua mulher Maria Manuela Amaro da Costa, do chefe de gabinete do primeiro- ministro António Patrício Gouveia, assim como dos dois pilotos do aparelho.


Notícia LUSA

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