domingo, 4 de fevereiro de 2007

HÁ DINHEIRO PARA O ABORTO, MAS NÃO PARA URGÊNCIAS


Há dinheiro para o aborto,
mas não para urgências

O líder do CDS-PP, Ribeiro e Castro, lamentou hoje que o ministro da Saúde tivesse dito que está sem dinheiro para reformar as urgências, quando se prepara para financiar clínicas internacionais que se dedicam à prática do aborto.
"Considero escandaloso que o ministro da Saúde tivesse dito que não tem dinheiro para implementar a reforma das urgências e que esse dinheiro possa ir para liberalizar o aborto e financiar clínicas espanholas e outras que estão preparadas para se instalar no nosso país", disse à Lusa o dirigente.
"Os nossos impostos, os recursos financeiros do povo português devem ir para prioridades. Prioridades em matéria de política de saúde, são as pessoas que estão doentes e que precisam de assistência", acrescentou.
Ribeiro e Castro falava à Lusa durante uma manifestação, em Setúbal, contra a despenalização do aborto até às 10 semanas, que mobilizou cerca de mil pessoas para um desfile que começou na Igreja de São Paulo e que terminou na Praça do Bocage, no centro da cidade.
"Não nos devemos preocupar com eventuais excessos de ambos os lados em confronto no referendo, mas sim pugnar pela "neutralidade e imparcialidade das entidades públicas", disse, quando confrontado com uma carta enviada pelo Centro Paroquial da Anunciada aos pais de cerca de 750 crianças que frequentam infantários locais em defesa do Não.
A carta - sobre um feto que foi abortado pela mãe - foi enviada esta semana nas mochilas das crianças dos infantários 'A Nuvem' e 'Aquário'.
"Querida Mamã. Apesar de tu não teres querido que eu nascesse, não posso deixar de te chamar "Mamã". Escrevo-te do mundo do além, para te dizer que estava muito feliz quando comecei a viver no teu seio. Eu desejava nascer, conhecer-te. E pensava que um dia seria uma criança muito alegre", lê-se na carta.
"A Segurança Social já está averiguar esse caso, mas também estou à espera que o Governo actue em relação à coordenadora de Saúde de Faro, que usou a sua posição de autoridade para distribuir propaganda pelo Sim nos centros de saúde", disse ainda Ribeiro e Castro.
Para militante socialista Cláudio Anaia, um dos organizadores da manifestação, a cidade de Setúbal demonstrou hoje que vai votar Não no referendo, ao contrário do que aconteceu em Junho de 1998.
"O povo de Setúbal saiu à rua para dizer que está contra esta lei que quer propor a liberalização total do aborto até às 10 semanas", afirmou.
"Não deixa de ser um acto de coragem num distrito tão complicado como é o de Setúbal, temos aqui cerca de mil a 1500 pessoas a manifestar-se pelo Não", concluiu.
A manifestação hoje realizada em Setúbal teve a organização conjunta dos movimentos "Aborto a pedido Não", "Viva à Vida" e dos Socialistas Católicos.
O segundo referendo sobre a despenalização do aborto - o primeiro foi em Junho de 1998 e ganhou o "não", apesar de o resultado não ter sido vinculativo - realiza-se a 11 de Fevereiro e foi convocado pelo Presidente da República, Cavaco Silva, a 29 de Novembro de 2006.
"Concorda com a despenalização da interrupção voluntária da gravidez, se realizada, por opção da mulher, nas primeiras 10 semanas, em estabelecimento de saúde legalmente autorizado?", é a pergunta colocada aos eleitores, igual à do referendo de 1998.
Para a campanha, estão inscritos na Comissão Nacional de Eleições (CNE) 19 movimentos de cidadãos (cinco pelo "sim" e 14 pelo "não") e 10 partidos políticos.
Cerca de 8,4 milhões de eleitores estão recenseados para o referendo.
Notícia LUSA

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