sábado, 23 de dezembro de 2006

MOVIMENTO DO "NÃO" JUNTA NOMES DO PS, PSD E CDS

Foto : DN

Movimento do 'não' junta nomes do PS, PSD e CDS

No ecrã, uma mulher grávida, indecisa e confusa faz uma ecografia, enquanto a seu lado o futuro filho canta: "Se eu pudesse falar dir-te-ia: 'Posso viver?'" No final, a mãe decide ter o filho e esboça um sorriso. O videoclip do rapper norte-americano Nick Cannon, que encerrou o lançamento da Plataforma Não Obrigada (PNO), ilustra a mensagem que os mandatários do movimento pretendem transmitir durante a campanha para o referendo de 11 de Fevereiro. "Este bebé tem o direito à vida, está a lutar por ele mesmo", afirmou a psiquiatra Margarida Neto, mandatária da PNO.Assumindo-se como uma "plataforma apartidária, não confessional, plural e diversificada", a PNO congrega personalidades de vários quadrantes. Na lista de mandatários constam Maria José Nogueira Pinto e Bagão Félix, da área do CDS, a social-democrata Zita Seabra e Teresa Venda, deputada independente do PS, entre outros nomes, como o médico Gentil Martins, o politólogo Nuno Rogeiro e a actriz Ana Brito e Cunha. "É uma plataforma muito abrangente que, no entanto, consegue juntar pessoas que têm duas coisas em comum: por um lado, estão contra a liberalização total do aborto e, por outro, são contra a partidarização da campanha para a consulta popular", declarou o obstetra e ginecologista João Paulo Malta.Apesar de considerarem que "o povo português já fez saber a sua vontade em 1998", os mandatários concordam que, desde essa altura, se verificaram algumas transformações na sociedade. Mas mesmo essas vão no sentido de uma declaração de voto negativa na consulta popular, uma vez que a crescente capacidade técnica permite acompanhar o de-senvolvimento do feto e do embrião. "Não acredito que não haja mulher alguma que, ao sentir um coração a bater ou ao ver uma mão a mexer, não diga 'que lindo é o meu bebé'", afirmou o médico."O aborto vai de tal forma contra a natureza da mulher que o trauma que daí resulta não tem nada a ver com o aborto clandestino, mas com a ambivalência e a angústia que advêm dessa decisão", defendeu Margarida Neto. Mas a posição mais aplaudida veio de Isabel Galriça Neto, especialista em cuidados paliativos, que se opôs de forma veemente à prática do aborto no Sistema Nacional de Saúde (SNS) e em clínicas privadas. "Lançamos o repto aos responsáveis do SNS e do País que, quando o 'não' ganhar, em Fevereiro, as verbas orçamentais destinadas ao financiamento de clínicas privadas espanholas sejam gastas a apoiar as mulheres que decidam ter os seus filhos", desafiou aquela médica.As posições dos oradores, muito aplaudidas pela plateia que lotou o auditório do Centro de Congressos de Lisboa, foram subscritas por Maria José Nogueira Pinto. Ao DN, a vereadora lisboeta assumiu estar "do lado daqueles que não têm voz". Também Matilde Sousa Franco, deputada do PS, disse que o aborto é "algo abominável, que não pode ser visto como um contraceptivo".


Artigo da autoria de Joana Pereira / DN

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