domingo, 28 de janeiro de 2007

CAMINHADA PELA VIDA

Lisboa/Caminhada pela Vida: extraordinária adesão

Milhares de pessoas iniciaram hoje, às 14:00, em Lisboa, uma marcha entre a Maternidade Alfredo da Costa e a Fonte Luminosa, na alameda D. Afonso Henriques, em defesa do "não" no referendo sobre a interrupção voluntária da gravidez.
A "Caminhada pela Vida" é encabeçada por figuras públicas como o presidente do CDS-PP, José Ribeiro e Castro, os ex-ministros das Finanças Ernâni Lopes e Bagão Félix, a vereadora da Câmara Municipal de Lisboa Maria José Nogueira Pinto, a fadista Kátia Guerreiro, a actriz Glória de Matos ou a escritora Rita Ferro.
Os manifestantes empunham bandeiras cor-de-rosa e cartazes com apelos ao "não" no referendo de 11 de Fevereiro.
A "Caminhada pela Vida" à Fonte Luminosa percorre um trajecto dividido em sete fases, que pretendem simbolizar cada uma das etapas da vida: concepção (Maternidade Alfredo da Costa), nascimento (Praça Duque de Saldanha), infância (Avenida Praia da Vitória), adolescência (Avenida do México), juventude (Praça de Londres), idade adulta (Avenida Guerra Junqueiro) e idade dos avós (Avenida Guerra Junqueiro).
Os manifestantes entoam palavras de ordem como "a vida é bela, não podemos dar cabo dela" e "abortar por opção quando bate um coração não".
Ao grupo que iniciou a caminhada, juntam-se outras pessoas ao longo do trajecto até à Fonte Luminosa.
O CDS-PP, único partido com posição oficial pelo "não", foi a força política mais representada, já que, além do líder do CDS Ribeiro e Castro e do seu antecessor Paulo Portas, marcaram também presença nesta caminhada o ex-dirigente Nobre Guedes, o ex-ministro Bagão Félix, a vereadora da Câmara Municipal de Lisboa Maria José Nogueira Pinto, e os dirigentes Martim Borges de Freitas, José Paulo de Carvalho e Pedro Melo.
"É próprio dos partidos tomarem partido. Não é algo que nos embarace, pelo contrário, é motivo de orgulho", defendeu Ribeiro e Castro.
Para o líder do CDS-PP, "os valores da vida estão profundamente enraizados na sociedade portuguesa".
"Só precisamos de um Estado, um Governo que corresponda, que faça políticas familiares avançadas, políticas que respondam aos casais jovens que querem ter filhos e não podem", defendeu Ribeiro e Castro.
Paulo Portas, que se juntou à caminhada sensivelmente a meio do percurso, foi lacónico ao justificar a sua presença nesta iniciativa.
"Se há vida, há consequência: é tratá-la bem", disse, enquanto caminhava ao lado do seu antigo vice-presidente Luís Nobre Guedes.
Nobre Guedes, que no referendo de 1998 foi um dos principais rostos pelo "não", manifestou-se agradado com a adesão a esta Caminhada pela Vida que, de acordo com a polícia, juntou entre oito a nove mil pessoas.
"A campanha do "não" está muito bem organizada. Em relação à marcha que existiu em '98, hoje estão certamente mais do dobro das pessoas", disse.
A vereadora lisboeta Maria José Nogueira Pinto salientou "a necessidade de recentrar a campanha na questão essencial".
"Vale a vida intra-uterina alguma coisa? É em nome dessa vida, que ainda não tem voz, que estamos aqui", sublinhou, numa ideia retomada pelo ex-ministro das Finanças e da Segurança Social dos Governos PSD/CDS-PP Bagão Félix.
"A lei tem de defender o mais indefeso. O mais indefeso é aquele que ainda não tem voz", reforçou Bagão Félix.
Já o ex-ministro das Finanças do governo do Bloco Central Ernâni Lopes considerou que "o aborto é a morte".
"A aceitação do aborto conduz, em linha directa, à passagem para a eutanásia, para a eugenia e, no limite, para a eliminação dos velhos inúteis", defendeu Ernâni Lopes, apelando aos portugueses para que, a 11 de Fevereiro, "vão votar e não cedam ao comodismo".
Outras figuras marcaram presença nesta caminhada, como o ex-ministro da Justiça do PSD José Pedro Aguiar Branco, o deputado social-democrata Ribeiro Cristóvão, os ex-deputados do PSD Pinheiro Torres e Isilda Pegado ou Dom Duarte Pio.
"A actual lei é mais do que suficiente para todos os problemas que afligem as mulheres. A nova lei só acrescenta aborto livre, sem qualquer tipo de perguntas", defendeu o Chefe da Casa Real Portuguesa.
Os participantes na Caminhada pela Vida fizeram a pé, durante cerca de duas horas e meia, o percurso entre a Maternidade Alfredo da Costa e a Alameda D om Afonso Henriques, em Lisboa.
"Concorda com a despenalização da interrupção voluntária da gravidez, se realizada, por opção da mulher, nas primeiras 10 semanas, em estabelecimento de saúde legalmente autorizado?", é a pergunta que vai ser colocada aos eleitores a 11 de Fevereiro, igual à do referendo de 1998.
Os movimentos pelo "não" defenderam hoje na Alameda, em Lisboa, que a vida é "uma causa sem fim" no final de uma caminhada de duas horas e meia, em que participaram entre oito a nove mil pessoas, segundo estimativas da PSP.
"Defender a vida é uma causa sem fim e nada nem ninguém nos vai fazer p arar até 11 de Fevereiro", disse Margarida Neto da "Plataforma Não Obrigada" perante os milhares de manifestantes que quase enchiam o relvado da Alameda Afonso Henriques, em Lisboa, onde os manifestantes foram recebidos por altifalantes de onde saía o som do que a organização disse ser o coração de um feto de 10 semanas.
Margarida Neto exortou os manifestantes a manterem-se "unidos na defesa da vida", adiantando que foi por causa da amizade e união entre os que são contra a interrupção voluntária da gravidez (IVG) que o "não" saiu vencedor no referendo de 1998.
Na marcha, que contou com a presença de muitas crianças e jovens, participaram movimentos cívicos ligados à Igreja, associações de defesa dos idosos e das crianças e grupos de escuteiros de todo o país.
Pelo palco instalado na Alameda passaram ainda representantes de movimentos contra o aborto de Espanha, França e Itália.
Esperanza, uma espanhola que há 12 anos sofreu "um aborto provocado", interveio para defender o direito das mulheres a terem uma alternativa ao aborto.
Por seu lado, George Martin, da associação francesa "Droit de Naître", alertou para a "catástrofe semelhante à da França" que se abaterá sobre Portugal se o "sim" sair vencedor do referendo.
"A modernidade está em dizer não, não se deixem levar por falsas ideias", advertiu, defendendo que os dinheiros públicos devem servir para "preservar a vida e não para matar".
Maria do Rosário Jesus, 66 anos, veio da Amadora para participar na marcha porque "é bom viver, toda a gente tem direito a viver e é um crime ajudar a matar", disse em declarações à agência Lusa, momentos antes do início da marcha.
Empunhando com orgulho uma bandeira verde, a cor que na marcha simbolizou a Adolescência, Carmo Duarte, aluna do 8º ano, destacava-se entre um pequeno grupo que entoava a plenos pulmões uma "Ninguém pára o não", numa adaptação do cântico benfiquista.
Do alto dos seus 13 anos lembra que "não se deve abortar porque é matar um bebezinho".
"Defensora acérrima da vida", a fadista Kátia Guerreiro, uma das celebridades que se associou à marcha defendeu a necessidade de a mulher se responsabilizar pela própria vida "não a sacrificando a interesses de momento, por vezes, egoístas".
Reconhecendo que a opção pelo aborto não é tomada de ânimo leve, aconselhou as mulheres a não adoptarem uma atitude semelhante na altura da procriação para não terem que passar pela "dolorosa" decisão de abortar.
Para a fadista, qualquer mulher pode ter um filho, mesmo que seja sozinha.
Fonte: LUSA

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