quarta-feira, 31 de janeiro de 2007

O "NÃO" DEFENDE A MULHER E O BÉBÉ

Referendo:
o "Não" defende a mulher e o bebé

Maria José Nogueira Pinto, da Plataforma contra a despenalização do aborto "Não Obrigada", afirmou hoje em Braga que "os defensores do 'Sim' são unilaterais, porque apenas defendem a mulher, enquanto que os do ' Não' são bilaterais, batendo-se pela mulher e pelo bebé".
"Deixo aqui um recado ao primeiro-ministro: nós não fechamos os olhos ao aborto clandestino. Estamos com eles bem abertos para vermos que a vida humana tem de continuar o seu caminho", afirmou.
A política centrista falou no auditório do Instituto da Juventude perante um plateia maioritariamente composta por jovens, numa sessão de esclarecimento do movimento "Minho com vida" em que participaram a deputada Zita Seabra e a médica Mariana do Vale.
A iniciativa teve como um dos pontos altos a passagem de fotografias tiradas pela obstetra Mariana do Vale a fetos com nove e dez semanas de vida.
Na sua intervenção, Maria José Nogueira Pinto "desmontou" os argumentos da campanha do 'Sim', dizendo que vai votar 'Não' "em nome da continuação da vida humana intra-uterina e em nome das mulheres em idade de fertilidade".
Nogueira Pinto indicou que "qualquer lei tem de ponderar o valor da vida humana", frisando que "quando se fala de violência sobre as mulheres tem de se ponderar outra violência, a de destruir um feto que é vida humana, como o demonstra a ciência".
A militante do CDS-PP contrariou o argumento de que o aborto é praticado, maioritariamente, por mulheres pobres, contrapondo que "o primeiro direito da mulher pobre é o de deixar de o ser para poder viver e ter filhos como qualquer outra".
Maria José Nogueira Pinto referiu que o maior problema da sociedade actual não é o da pobreza é o do abandono, para sustentar que "uma lei que deixa a mulher completamente sozinha na decisão de abortar é um alçapão para ela".
"Com esta lei a mulher será exposta a mais pressões para abortar, por exemplo, pelo empregador que lhe promete uma promoção ou por qualquer outra razão", acentuou.
A representante da Plataforma contra a despenalização do aborto "Não Obrigada" sustentou que a lei que resultaria da aprovação da pergunta do referendo "seria de difícil aplicação", sendo por isso "um logro, uma mentira que importa desmascarar".
Nogueira Pinto lembrou que "a pergunta do referendo, se aprovada, criará um direito em saúde, que não tem meios de ser aplicado dado que o bolo financeiro actual já não chega para manter o Serviço Nacional de Saúde (SNS)".
"Temos de perguntar a quem governa como vai esse direito ser assegurado, se temos, actualmente, uma péssima prevenção oncológica, por exemplo, no cancro da mama, onde saiu uma vacina cara que necessita de ser comparticipada pelo Estado", sublinhou.
A política centrista disse que o SNS não consegue sequer garantir que os contraceptivos são distribuídos nos centros de saúde e observou que, "cada vez há mais doenças neuro-degenerativas para as quais não há respostas capazes do sistema".
A deputada Zita Seabra, que chegou atrasada à reunião precisamente porque uma sua colaboradora directa foi mãe, disse que a pergunta do referendo está suportada num projecto-lei do PS já apoiado na Assembleia da República que "acaba com a comissão médica existente na actual lei para aconselhamento da mulher".
Zita Seabra considerou "estranho" que os defensores da "liberalização total do aborto, com ou sem motivo, venham falar de modernidade, quando, na prática, e em pleno século 21, defendem o "desmancho" que se praticava há 100 anos".
Na opinião de Zita Seabra, a lei de 1984 em vigor já resolve os casos mais dramáticos, argumentando que "há diversas soluções para as mulheres que não a do aborto".
"O aborto não pode ser um direito. A mulher que o faz não pode ser considerada criminosa, mas tem que haver alternativas ao aborto livre", declarou.
A terminar, ironizou afirmando que, se o 'Sim' ganhar, "a única coisa que, na prática, vai mudar na lei é que a Clínica dos Arcos, de Badajoz, vai instalar-se em Lisboa e, por certo, não vai dizer às mulheres para reflectirem bem antes de abortarem".
Notícia LUSA
Ouvir Maria José Nogueira Pinto (TSF):
som 1; som 2
Ler e ouvir: TSF

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